Acordo cedo pela manhã.
Por breves segundos
Lembro o passado,
Sem nunca esquecer o futuro.
Tão incerto como o tempo,
Tão incerto como o mar.
Não tenho nenhuma necessidade,
Tenho-te a ti ao meu lado.
Nunca me deixas-te,
Nunca me desiludis-te.
És como o choro de uma criança:
Ingénuo, inocente.
Sem palavras fico
Com o teu olhar.
O teu doce olhar...
Sorrio só de lembrar o teu nome.
Sou transparente e sabes o que sinto...
Que sinto?
Solidão... Quero-te a meu lado.
Preciso de falar contigo,
Sentir a tua respiração no meu pescoço.
O teu corpo abraçado ao meu.
Quero unidade... Quero-te a ti!
Não sabes de mim, sofres.
Acordo cedo pela manhã
Ao som da tua voz.
Sermos um, sermos nós.
Sermos algo de inesplicável,
Sermos únicos,
Como o choro de uma criança.
A tua ausência
É o meu desalento.
O teu silêncio
É a minha solidão.
Encontro aí o teu mistério,
Que tanto quero resolver.
Quem te esconde?
Teus problemas são os meus,
Apertas-me a mão, beijo-te!
O teu cheiro é o meu aroma,
O teu toque é a minha dança.
Acordo cedo pela manhã
Liberta-se o choro de uma criança.
Só te peço: fica comigo!
Sem ti não há céu.
Sem ti não há luar.
Sem ti os dias são pintados
Em tons de cinza,
Com o preto no branco.
Sem cor pinto então
A minha mísera vida.
Sem ti nao há crepúsculo,
Sem ti nao há amanhecer.
Neste contexto, não acordo
Cedo pela manhã.
Nao procuro o choro de uma criança.
Ser eu sem ti,
Seres tu sem mim.
Impossibilitar o toque,
Impossibilitar ser eu.
Não sou nada sem ti;
Sem ti, nada serei.
Solta-se, assim,
O choro de uma criança.